:-: Alenquer PR5 - Rota de Santa Quitéria
near Meca, Lisboa (Portugal)
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Itinerary description
Um vulcão do tempo dos dinossauros, a devoção a uma santa que, decapitada, caminhou com a cabeça nas mãos, filas de gado a dar voltas em torno de um cruzeiro e uma Meca na Ibéria... cantadores dos Reis que pintam as paredes de cada casa onde param, e belas paisagens, claro.
Tudo isto... às portas de Lisboa.
Venham comigo!
O Percurso
Nota: convém fazer o percurso seguindo o track gps, pois nem sempre as marcações estão bem visíveis.
O percurso faz-se pelas localidades de Meca - Catém - Bogarréus - São Brás - Casal Monteiro, evoluindo por território marcadamente agrícola, sobretudo com zonas de vinha e pomar - sendo que ao longo do trajecto, mesmo na borda do caminho, passamos por pereiras, figueiras, abrunheiros, limoeiros, cerejeiras... estamos numa zona onde a vinha não impera de forma insistente na paisagem que nos rodeia, como aconteceu em anteriores PRs que fizemos em Alenquer.
O ponto de partida e chegada é em Meca, no Largo do Pelourinho. Ali perto, cem metros antes para quem vem de Alenquer, há muito onde estacionar. Tal como em outros percursos pedestres desta região, a Primavera será uma das melhores estações para o conhecer, se bem que o final do Verão e Outono também poderão apresentar encantos muito especiais, já que há algumas árvores de fruto em todo o trajecto.
É uma caminhada fácil, de modesta extensão, apresentando apenas a dificuldade das longas subidas até Bogarréus e ao Cabeço de Santa Quitéria (o vulcão), mas que se fazem bem.
E o que há para ver, quais as estórias do caminho?
Basílica de Santa Quitéria
Diz Matos Sequeira, citado a propósito no Guia de Portugal: "desde a distribuição da luz, abundantíssima no interior do templo, até à sábia e discreta distribuição da pedra, que varia do negro ao branco, com toda a gama exuberante dos marmoreados, tudo é proporcionado, ajustado, e belo"
A igreja é um belo exemplo de arquitectura neo-clássica e considerada uma das mais belas do concelho de Alenquer, devido à sua unidade arquitectónica, apresentado inspirações na arquitetura do Convento de Mafra e uma grande aproximação estilística à Basílica da Estrela e também à igreja dos Agostinhos em Vila Viçosa. A construção foi concluída em 1799.
No seu interior merecem destaque as duas grandes telas dos altares do cruzeiro, representando, do lado do Envangelho " A Última Ceia" e do lado da Epístola a " Pregação de São João Batista" .
O teto em berço, é de madeira forrada de tela, pintada com grisalhas, usando diversos tons de cores que se fundem numa bela harmonia criando uma perfeita ilusão de relevos, que envolvem vários medalhões retratando a vida e o martírio de Santa Quitéria (tecto e Ceia de Pedro Alexandrino)
Como se diz no site do Património Cultural,
"... em Santa Quitéria de Meca parece sobrevir o entendimento do barroco de Mateus Vicente, numa via que prolonga a tradição arquitectónica nacional em detrimento de um maior eclectismo. O "congelamento do barroco", expressão utilizada por Paulo Varela Gomes para caracterizar a obra deste arquitecto, encontra-se, aqui, muito vincado."
Santa Quitéria - história e lendas do fundo dos tempos...
Quitéria foi uma das nove filhas nascidas de parto único de Cálsia Lúcia, mulher de Lúcio Caio Otílio, governador de Portugal e Galiza sob o Império Romano, no século II da nossa era. Quitéria nasceu no ano de 120, em Bracara Augusta, quando o seu pai acompanhava o imperador romano Adriano em viagem pela Península Ibérica.
Nove filhas num só parto?? Superstições vergonha e medos logo levaram a que a parteira Cília recebesse ordem de as afogar.
Mas ela, piedosa e Cristã, entregou as meninas ao arcebispo de Braga, Santo Ovídio, que as baptizou e encomendou o seu cuidado e educação a diversas famílias cristãs, tudo a suas expensas.
Anos mais tarde, o pai, tomando conhecimento da existência delas e estando comprometido com um cortesão de nome Germano, decidiu que com ele a filha se casaria. Mas ela recusou, e recusou abandonar o Cristianismo, e fugiu.
Foi encontrada em Aire-sur-l'Adour e Otílio condenou-a à morte, aí executada pelo ofendido Germano no dia 22 de Maio do ano de 135, tinha ela 15 aninhos apenas.
Os soldados que a prenderam ficaram cegos; e Quitéria após ter a cabeça decepada, tomou-a nas suas mãos e caminhou até a cidade vizinha onde caiu e foi sepultada.
Meca
A toponimica não está muito explicada, embora pareça ter origem Árabe. Não tendo encontrado opinião de especialistas, considero no entanto muito interessantes o texto que encontrei no blog "cascalenses":
"Seguindo as orientações de alguns especialistas em fonética que se dedicaram ao estudo do nome de Alenquer, que terá derivado de uma palavra árabe, a ligação à cidade sagrada do Islão resultará da sacralidade da própria envolvência. Apesar de existirem poucos vestígios arqueológicos desse período no território em questão, a proximidade ao cone vulcânico de Alenquer, parte integrante do património geológico da Serra de Montejunto, terá determinado o desenvolvimento ancestral de sistemas complexos de ritualidade religiosa que perpetuaram no tempo as crenças mais antigas que dão forma aos arquétipos da humanidade.
O certo é que a aldeia de Meca, em Alenquer, carrega consigo a marca perene das festividades da Primavera que durante o período calcolítico foram peça angular na regulação das sociedades humanas que vieram a desenvolver-se no actual território de Portugal. Cultuada em Maio, em festivais de base religiosa marcados, até épocas muito recentes, pela presença das flores e do viço próprio que marca o final do Inverno, Santa Quitéria de Meca insere-se assim num conjunto de práticas religiosas que corporizam o principal alicerce cultural da Portugalidade."
A verdade é que reza a tradição que em 1238 terá ali aparecido, num palheiro da Quinta de São Brás, uma imagem da Santa, surpresa total naqueles tempos em que a presença muçulmana ainda estava bem viva na memória das gentes, que a reconquista não tinha ainda feito nem um século. A surpresa deu lugar ao culto e em plena idade média é erigida uma ermida no local do achado - e que mais tarde dá lugar à basílica.
Terra próxima da serra do Montejunto, por certo que era ponto de passagem dos pastores com os gados em busca de terrenos verdejantes nas encostas mais frescas da serra, nos meses do Verão. A vida não era fácil para eles, as perdas podiam deixá-los à fome, e as doenças do gado eram temidas. A invocação da protecção da santa surge naturalmente neste ponto de passagem, e Santa Quitéria ganha fama de os proteger da raiva.
Pasores, agricultores, uma vez por ano juntam-se em Meca para a benção do gado. Frente à basílica está um cruzeiro implantado num redondel, o gado tem de dar três voltas em torno dele para obter a protecção.
Romaria de Santa Quitéria de Meca
De uma página do município de Alenquer:
A romaria de Santa Quitéria de Meca é, para a população do Alto Concelho, o acontecimento mais importante do ciclo anual dos festejos das terras de Montejunto.
Pálida sombra da grande festa que foi noutros tempos, a afluência de pessoas, o colorido e animação e as características populares da romaria de Meca, surpreendem o visitante ocasional.
A procissão, a bênção do gado e o grande arraial são os componentes obrigatórios e constantes desta antiga festividade. A festa começa com as cerimónias do “dia da Santa”, o primeiro domingo depois de 22 de maio, dia assinalado no calendário cristão com a invocação de Santa Quitéria mártir.
Velha romaria de montanha - o vizinho Cabeço de Meca é, com a Serra da Neve, um dos pontos mais elevados de toda a região - aqui acorrem, vindos de perto e longe, romeiros com os seus rebanhos e manadas, para a tradicional “bênção do gado”, o momento mais característico e pitoresco da festa.
Para isso, os animais enfeitados com o nastro cor-de-rosa e os seus condutores ou pastores, dão três voltas em redor do cruzeiro situado no largo da igreja. Aí se encontra o padre com a caldeira de água benta e o hissope com que asperge os animais que circulam lentamente à sua volta.
Antigamente, e devido à grande afluência de animais, utilizava-se neste cerimónia uma caldeira de grandes dimensões que era colocada num aro de ferro que ainda hoje podemos ver chumbado na coluna central do cruzeiro - construção circular com degraus, erigida propositadamente para esta cerimónia, em frente da porta principal da igreja.
A crença popular admite que esta bênção tradicional preserva as pessoas e os animais presentes dos malefícios da raiva. A tradição liga também à bênção outros atos rituais, hoje já caídos em desuso: o costume de dar a comer aos animais pão molhado no azeite da lâmpada da igreja e depois benzido, ou a prática de levar pedaços de nastro bento para proteger os animais que ficaram em casa. Um outro costume ainda hoje bem vivo é o comprar do bolo tradicional da romaria, as argolas, e das rocas de cerejas.
O vulcão de Santa Quitéria de Meca
Um ponto notável muito desfigurado no século XX. No meu Guia de Portugal, fundado por Raul Proença e continuado por Sant' Anna Dionísio, fui encontrar esta referência:
Do cabeço da Santa Quitéria, muito agudo, com terrenos de tons vermelhos e alaranjados, que dá ao local uma nota assaz pitoresca de forma e cor, interessante panorama sobre a região de Alenquer
E actualmente? Agudo já não é de forma alguma.
Fui buscar esta linhas a um estudo de Claudia Correia (editado):
O Cabeço de Santa Quitéria está integrado no Complexo Vulcânico de Lisboa, sob a designação de chaminé
vulcânica. Este complexo, também designado como Rede de Vulcões da Península de Lisboa, foi raramente tema de estudo o que contribuiu para o seu desconhecimento por parte da população em geral.
Esta estrutura com cerca de 72 milhões de anos, surgiu entre os períodos do Cretáceo e do Eocénico e ocupa “uma extensão de 200km2 entre Lisboa, Sintra, Mafra e Runa (...)”
O Complexo Vulcânico de Lisboa, compreende distintos tipos de estruturas como chaminés, escoadas, soleiras e diques e diversas rochas como basaltos, piroclastos, brechas, traquitos, com destaque para os “maciços sub-vulcânicos de Sintra, e Montachique (…)”.
No entanto, os “grandes centros eruptivos estão situados na zona de Cheleiros-Malveira: contam-se aí pelo menos doze chaminés importantes, de que se destacam: Raimonda, Igreja Nova, Funchal, Quinta do Paço, Penedo de Lexim, Cartaxos e Montachique”.
O interesse por este aparelho vulcânico remonta há pelo menos 200 anos. As primeiras referências surgiram pela mão de Dolomieu (1750-1801), que contribuiu para que esta estrutura geológica passasse a integrar as Cartas Geológicas de Portugal, em que o primeiro levantamento foi realizado em 1924 por P. Choffat (1849-1919).
A Chaminé Vulcânica de Santa Quitéria por encontrar-se na extremidade nordeste do Complexo Vulcânico de Lisboa,
possui dimensões reduzidas o que contribuiu para a sua pouca relevância perante os restantes pontos eruptivos.
O que hoje vemos neste nosso percurso é pois o resultado de profundas alterações resultantes da exploração dos basaltos vulcânicos, desde os anos 60 até 2004, tendo mesmo ultrapassado as cotas atribuídas atingindo assim o lençol freático.
Links para os outros Percursos Pedestres de Alenquer:
Alenquer PR1 - 16.53 Km - Rota das Encostas da Serra
Alenquer PR2H - 22.61 Km - Carreiro da Senhora (alternativa viável)
Alenquer PR3H - 10.94 Km - Charneca de Ota
Alenquer PR4 - 14.19 km - Rota dos Moínhos
Alenquer PR5 - 12.43 Km - Rota de Santa Quitéria
Alenquer PR6 - 11.87 Km - Rota de Nossa Senhora da Encarnação
Alenquer PR7H - 9.57 Km - Campos do Pereiro
Alenquer PR8H - 16.46 Km - Rota dos Caminhos da Raínha
Alenquer PR9H - 13.54 Km - Rota das Cerejas
O site dos percursos pedestres de Alenquer:
--> Percursos Pedestres de Alenquer
Tudo isto... às portas de Lisboa.
Venham comigo!
O Percurso
Nota: convém fazer o percurso seguindo o track gps, pois nem sempre as marcações estão bem visíveis.
O percurso faz-se pelas localidades de Meca - Catém - Bogarréus - São Brás - Casal Monteiro, evoluindo por território marcadamente agrícola, sobretudo com zonas de vinha e pomar - sendo que ao longo do trajecto, mesmo na borda do caminho, passamos por pereiras, figueiras, abrunheiros, limoeiros, cerejeiras... estamos numa zona onde a vinha não impera de forma insistente na paisagem que nos rodeia, como aconteceu em anteriores PRs que fizemos em Alenquer.
O ponto de partida e chegada é em Meca, no Largo do Pelourinho. Ali perto, cem metros antes para quem vem de Alenquer, há muito onde estacionar. Tal como em outros percursos pedestres desta região, a Primavera será uma das melhores estações para o conhecer, se bem que o final do Verão e Outono também poderão apresentar encantos muito especiais, já que há algumas árvores de fruto em todo o trajecto.
É uma caminhada fácil, de modesta extensão, apresentando apenas a dificuldade das longas subidas até Bogarréus e ao Cabeço de Santa Quitéria (o vulcão), mas que se fazem bem.
E o que há para ver, quais as estórias do caminho?
Basílica de Santa Quitéria
Diz Matos Sequeira, citado a propósito no Guia de Portugal: "desde a distribuição da luz, abundantíssima no interior do templo, até à sábia e discreta distribuição da pedra, que varia do negro ao branco, com toda a gama exuberante dos marmoreados, tudo é proporcionado, ajustado, e belo"
A igreja é um belo exemplo de arquitectura neo-clássica e considerada uma das mais belas do concelho de Alenquer, devido à sua unidade arquitectónica, apresentado inspirações na arquitetura do Convento de Mafra e uma grande aproximação estilística à Basílica da Estrela e também à igreja dos Agostinhos em Vila Viçosa. A construção foi concluída em 1799.
No seu interior merecem destaque as duas grandes telas dos altares do cruzeiro, representando, do lado do Envangelho " A Última Ceia" e do lado da Epístola a " Pregação de São João Batista" .
O teto em berço, é de madeira forrada de tela, pintada com grisalhas, usando diversos tons de cores que se fundem numa bela harmonia criando uma perfeita ilusão de relevos, que envolvem vários medalhões retratando a vida e o martírio de Santa Quitéria (tecto e Ceia de Pedro Alexandrino)
Como se diz no site do Património Cultural,
"... em Santa Quitéria de Meca parece sobrevir o entendimento do barroco de Mateus Vicente, numa via que prolonga a tradição arquitectónica nacional em detrimento de um maior eclectismo. O "congelamento do barroco", expressão utilizada por Paulo Varela Gomes para caracterizar a obra deste arquitecto, encontra-se, aqui, muito vincado."
Santa Quitéria - história e lendas do fundo dos tempos...
Quitéria foi uma das nove filhas nascidas de parto único de Cálsia Lúcia, mulher de Lúcio Caio Otílio, governador de Portugal e Galiza sob o Império Romano, no século II da nossa era. Quitéria nasceu no ano de 120, em Bracara Augusta, quando o seu pai acompanhava o imperador romano Adriano em viagem pela Península Ibérica.
Nove filhas num só parto?? Superstições vergonha e medos logo levaram a que a parteira Cília recebesse ordem de as afogar.
Mas ela, piedosa e Cristã, entregou as meninas ao arcebispo de Braga, Santo Ovídio, que as baptizou e encomendou o seu cuidado e educação a diversas famílias cristãs, tudo a suas expensas.
Anos mais tarde, o pai, tomando conhecimento da existência delas e estando comprometido com um cortesão de nome Germano, decidiu que com ele a filha se casaria. Mas ela recusou, e recusou abandonar o Cristianismo, e fugiu.
Foi encontrada em Aire-sur-l'Adour e Otílio condenou-a à morte, aí executada pelo ofendido Germano no dia 22 de Maio do ano de 135, tinha ela 15 aninhos apenas.
Os soldados que a prenderam ficaram cegos; e Quitéria após ter a cabeça decepada, tomou-a nas suas mãos e caminhou até a cidade vizinha onde caiu e foi sepultada.
Meca
A toponimica não está muito explicada, embora pareça ter origem Árabe. Não tendo encontrado opinião de especialistas, considero no entanto muito interessantes o texto que encontrei no blog "cascalenses":
"Seguindo as orientações de alguns especialistas em fonética que se dedicaram ao estudo do nome de Alenquer, que terá derivado de uma palavra árabe, a ligação à cidade sagrada do Islão resultará da sacralidade da própria envolvência. Apesar de existirem poucos vestígios arqueológicos desse período no território em questão, a proximidade ao cone vulcânico de Alenquer, parte integrante do património geológico da Serra de Montejunto, terá determinado o desenvolvimento ancestral de sistemas complexos de ritualidade religiosa que perpetuaram no tempo as crenças mais antigas que dão forma aos arquétipos da humanidade.
O certo é que a aldeia de Meca, em Alenquer, carrega consigo a marca perene das festividades da Primavera que durante o período calcolítico foram peça angular na regulação das sociedades humanas que vieram a desenvolver-se no actual território de Portugal. Cultuada em Maio, em festivais de base religiosa marcados, até épocas muito recentes, pela presença das flores e do viço próprio que marca o final do Inverno, Santa Quitéria de Meca insere-se assim num conjunto de práticas religiosas que corporizam o principal alicerce cultural da Portugalidade."
A verdade é que reza a tradição que em 1238 terá ali aparecido, num palheiro da Quinta de São Brás, uma imagem da Santa, surpresa total naqueles tempos em que a presença muçulmana ainda estava bem viva na memória das gentes, que a reconquista não tinha ainda feito nem um século. A surpresa deu lugar ao culto e em plena idade média é erigida uma ermida no local do achado - e que mais tarde dá lugar à basílica.
Terra próxima da serra do Montejunto, por certo que era ponto de passagem dos pastores com os gados em busca de terrenos verdejantes nas encostas mais frescas da serra, nos meses do Verão. A vida não era fácil para eles, as perdas podiam deixá-los à fome, e as doenças do gado eram temidas. A invocação da protecção da santa surge naturalmente neste ponto de passagem, e Santa Quitéria ganha fama de os proteger da raiva.
Pasores, agricultores, uma vez por ano juntam-se em Meca para a benção do gado. Frente à basílica está um cruzeiro implantado num redondel, o gado tem de dar três voltas em torno dele para obter a protecção.
Romaria de Santa Quitéria de Meca
De uma página do município de Alenquer:
A romaria de Santa Quitéria de Meca é, para a população do Alto Concelho, o acontecimento mais importante do ciclo anual dos festejos das terras de Montejunto.
Pálida sombra da grande festa que foi noutros tempos, a afluência de pessoas, o colorido e animação e as características populares da romaria de Meca, surpreendem o visitante ocasional.
A procissão, a bênção do gado e o grande arraial são os componentes obrigatórios e constantes desta antiga festividade. A festa começa com as cerimónias do “dia da Santa”, o primeiro domingo depois de 22 de maio, dia assinalado no calendário cristão com a invocação de Santa Quitéria mártir.
Velha romaria de montanha - o vizinho Cabeço de Meca é, com a Serra da Neve, um dos pontos mais elevados de toda a região - aqui acorrem, vindos de perto e longe, romeiros com os seus rebanhos e manadas, para a tradicional “bênção do gado”, o momento mais característico e pitoresco da festa.
Para isso, os animais enfeitados com o nastro cor-de-rosa e os seus condutores ou pastores, dão três voltas em redor do cruzeiro situado no largo da igreja. Aí se encontra o padre com a caldeira de água benta e o hissope com que asperge os animais que circulam lentamente à sua volta.
Antigamente, e devido à grande afluência de animais, utilizava-se neste cerimónia uma caldeira de grandes dimensões que era colocada num aro de ferro que ainda hoje podemos ver chumbado na coluna central do cruzeiro - construção circular com degraus, erigida propositadamente para esta cerimónia, em frente da porta principal da igreja.
A crença popular admite que esta bênção tradicional preserva as pessoas e os animais presentes dos malefícios da raiva. A tradição liga também à bênção outros atos rituais, hoje já caídos em desuso: o costume de dar a comer aos animais pão molhado no azeite da lâmpada da igreja e depois benzido, ou a prática de levar pedaços de nastro bento para proteger os animais que ficaram em casa. Um outro costume ainda hoje bem vivo é o comprar do bolo tradicional da romaria, as argolas, e das rocas de cerejas.
O vulcão de Santa Quitéria de Meca
Um ponto notável muito desfigurado no século XX. No meu Guia de Portugal, fundado por Raul Proença e continuado por Sant' Anna Dionísio, fui encontrar esta referência:
Do cabeço da Santa Quitéria, muito agudo, com terrenos de tons vermelhos e alaranjados, que dá ao local uma nota assaz pitoresca de forma e cor, interessante panorama sobre a região de Alenquer
E actualmente? Agudo já não é de forma alguma.
Fui buscar esta linhas a um estudo de Claudia Correia (editado):
O Cabeço de Santa Quitéria está integrado no Complexo Vulcânico de Lisboa, sob a designação de chaminé
vulcânica. Este complexo, também designado como Rede de Vulcões da Península de Lisboa, foi raramente tema de estudo o que contribuiu para o seu desconhecimento por parte da população em geral.
Esta estrutura com cerca de 72 milhões de anos, surgiu entre os períodos do Cretáceo e do Eocénico e ocupa “uma extensão de 200km2 entre Lisboa, Sintra, Mafra e Runa (...)”
O Complexo Vulcânico de Lisboa, compreende distintos tipos de estruturas como chaminés, escoadas, soleiras e diques e diversas rochas como basaltos, piroclastos, brechas, traquitos, com destaque para os “maciços sub-vulcânicos de Sintra, e Montachique (…)”.
No entanto, os “grandes centros eruptivos estão situados na zona de Cheleiros-Malveira: contam-se aí pelo menos doze chaminés importantes, de que se destacam: Raimonda, Igreja Nova, Funchal, Quinta do Paço, Penedo de Lexim, Cartaxos e Montachique”.
O interesse por este aparelho vulcânico remonta há pelo menos 200 anos. As primeiras referências surgiram pela mão de Dolomieu (1750-1801), que contribuiu para que esta estrutura geológica passasse a integrar as Cartas Geológicas de Portugal, em que o primeiro levantamento foi realizado em 1924 por P. Choffat (1849-1919).
A Chaminé Vulcânica de Santa Quitéria por encontrar-se na extremidade nordeste do Complexo Vulcânico de Lisboa,
possui dimensões reduzidas o que contribuiu para a sua pouca relevância perante os restantes pontos eruptivos.
O que hoje vemos neste nosso percurso é pois o resultado de profundas alterações resultantes da exploração dos basaltos vulcânicos, desde os anos 60 até 2004, tendo mesmo ultrapassado as cotas atribuídas atingindo assim o lençol freático.
Links para os outros Percursos Pedestres de Alenquer:
Alenquer PR1 - 16.53 Km - Rota das Encostas da Serra
Alenquer PR2H - 22.61 Km - Carreiro da Senhora (alternativa viável)
Alenquer PR3H - 10.94 Km - Charneca de Ota
Alenquer PR4 - 14.19 km - Rota dos Moínhos
Alenquer PR5 - 12.43 Km - Rota de Santa Quitéria
Alenquer PR6 - 11.87 Km - Rota de Nossa Senhora da Encarnação
Alenquer PR7H - 9.57 Km - Campos do Pereiro
Alenquer PR8H - 16.46 Km - Rota dos Caminhos da Raínha
Alenquer PR9H - 13.54 Km - Rota das Cerejas
O site dos percursos pedestres de Alenquer:
--> Percursos Pedestres de Alenquer
Waypoints
Monument
422 ft
Assoc Recreativa e Cultural de Bogarréus + Rancho Folclórico
Waypoint
431 ft
Bogarréus
Provisioning
0 ft
Café Cruzeiro (Sábado abre 10h)
Panorama
620 ft
Miradouro sobre toda a região
Bus stop
444 ft
Paragem de autocarro coberta
Mine
487 ft
Ruínas balança pesagem e casa guarda
Fountain
84 ft
Tanque coberto e torneira
Waypoint
615 ft
Torre de antenas
Mine
506 ft
Velho escritório da mina
Monument
476 ft
PT CRGE
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Information
Easy to follow
Scenery
Easy
Obrigado pela partilha deste fabuloso PR5 de Alenquer adorei!!! A lagoa dentro da cratera foi a cereja no topo do bolo!!! Forte abraço.
É um trajecto interessante e mais uma boa solução para arejar as botas enquanto não se pode ou não convém embarcar em aventuras mais longínquas! Forte abraço!
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Information
Easy to follow
Scenery
Easy
Trilho realizado no passado fim de semana. Bem sinalizado em quase todo o percurso, paisagens muito bonitas, imensas árvores de fruto e ainda tivemos a oportunidade de conviver com uma família que estava a fazer a vindima, e que nos explicaram um pouco do processo de produção dos vários tipos de vinho.
É de facto uma zona de bonita paisagem e... variada. Que bom terem tido a oportunidade de contacto com essa família! Boas caminhadas!
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Information
Easy to follow
Scenery
Easy
Atenção, o acesso ao topo do monte onde está a lagoa está a ser vedado com arame farpado! Parece que muito em breve não será de acesso livre.
Olá, solskajer, espero que não impeçam o acesso. Talvez seja só para limitar a aproximação à água... seria uma pena, pois o vulcão de Meca é um dos sítios emblemáticos daquela região!
Boa noite,
Antes de mais obrigado pela documentação do percurso. Fi-lo no dia 14 de Novembro de 2021 em família. Percurso globalmente bem identificado ainda que algumas marcas pintadas precisem de um retoque. Nota também para o que @solskajer já referiu. O acesso ao antigo vulcão está vedado por arame farpado. Curioso que se manteve as marcas de percurso dentro do perímetro do arame farpado pelo que me leva a perguntar se será legal essa vedação ou se a Câmara de Alenquer saberá da mesma.
Gostei da riqueza de paisagens, da parte histórica, da incrível basílica tão inesperada e das gentes afáveis. Não gostei do facto de todo o percurso ser possível de efectuar por veiculo motorizado. Pessoalmente gosto de percursos pedestre que passem onde "nem uma bicicleta" consiga ir, mas nem sempre é possível e é um gosto pessoal.
Sem duvida que o repetiria.
Para quem gosta de aproveitar o resto do dia, Alenquer é uma agradável surpresa, muito perto.
Obrigado pelo detalhado feedback, adventura_pt
Esperemos então que o arame farpado não seja para ficar... não compreendo qual a razão, mas vamos aguardar a evolução. Quanto a Alenquer, sou da mesma opinião!
Obrigado pela partilha do trilho, deu jeito seguir as suas indicações, pois em alguns sítios as marcações estão muito desvanecidas ou estão em falta. O arame farpado é da responsabilidade de uma pedreira. É possível entrar mas depois para sair estava tudo vedado, tendo de se saltar o arame farpado.
Obrigado, Carlos Gonçalves, uma pena terem colocado essa vedação, pois vale a pena subir àquele sítio... esperemos que a Câmara arrnanje uma boa solução com o proprietário.
Percurso perfeito para descomprimir
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Scenery
Easy
Percurso perfeito para descomprimir
Verdade, e esta é uma boa altura, sem sol intenso...
Percurso bastante agradável, mas algo difícil. Principalmente para quem não o fizer em ritmo de passeio.
O cimo do vulcão está vedado em todo o seu perímetro, com arame farpado, embora numa das entradas o mesmo tenha sido cortado. Não se percebe tanto cuidado, quando não há nada lá dentro para roubar. Ainda por cima, o trilho é oficial.
O pior é mesmo na entrada principal em que o próprio portão tem arame farpado. É mais uma estupidez à tuga...
Talvez seja uma precaução de segurança, dada a existência da lagoa. Mas se começarmos a proceder assim, daqui a pouco ninguém pode sair de casa... enfim, são épocas. Boas caminhadas, Ricardo!
Então coloquem uma vedação no perímetro da lagoa.
Agora, arame farpado num portão é coisa que nunca vi.